As águas mais frias e cristalinas do Pacífico Sul, conhecidas pelos cenários de O Senhor dos Anéis, estão agora esquentando como se alguém tivesse esquecido o fogo aceso. Não é exagero. Um relatório recente mostrou que o oceano ao redor da Nova Zelândia está aquecendo 34% mais rápido do que a média global. E o alerta é claro: o país está na linha de frente da crise climática marinha.
O estudo, chamado Our Marine Environment, foi divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente da Nova Zelândia em parceria com a Stats NZ, a agência nacional de dados. Os cientistas descobriram que o mar neozelandês está não só mais quente, mas também mais ácido e isso já ameaça tanto espécies locais quanto casas costeiras.
De acordo com os pesquisadores, a temperatura da superfície do mar em quatro regiões diferentes do país aumentou, em média, entre 0,16 °C e 0,26 °C por década desde 1982. Parece pouco? Pois esse aumento constante, ao longo de 40 anos, muda completamente o equilíbrio dos ecossistemas marinhos.
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“Estamos vendo ondas de calor marinhas mais frequentes e severas. O nível do mar está subindo, e nossos oceanos estão perdendo oxigênio”, afirmou o consultor marinho Shane Geange, do Departamento de Conservação da Nova Zelândia, em entrevista à AFP. Segundo ele, as mudanças climáticas estão acelerando problemas que já existiam e tornando-os muito piores.
Um dos casos mais preocupantes é o do pinguim-de-olhos-amarelos (Megadyptes antipodes), uma das aves mais raras do planeta. Nativo da Nova Zelândia, ele está na lista vermelha da IUCN como espécie em risco de extinção. As águas quentes reduzem o número de peixes disponíveis e obrigam as aves a nadar distâncias maiores em busca de alimento, o que aumenta o estresse e diminui as chances de sobrevivência dos filhotes.
Outras espécies nativas também sofrem. Algas, corais e crustáceos estão sendo substituídos por organismos invasores mais adaptáveis ao calor, mudando completamente o “cardápio” dos ecossistemas costeiros. É como se o mar da Nova Zelândia estivesse trocando de identidade sem aviso prévio.
O relatório também traz um dado preocupante: o aumento do nível do mar já ameaça mais de 200 mil residências em áreas costeiras, avaliadas em cerca de US$ 100 bilhões (ou R$ 533 bilhões). Em algumas vilas, o avanço da água já é visível, com ruas e jardins sendo engolidos pelas marés mais altas.
Para Geange, o país precisa agir agora: “Temos evidências suficientes para agir, e adiar corre o risco de causar ainda mais danos aos nossos ecossistemas marinhos”. A recomendação do relatório é clara, repensar a gestão do ambiente marinho e adotar medidas urgentes de mitigação e adaptação.
Os especialistas apontam dois culpados principais: a posição geográfica do país, cercado por vastas correntes oceânicas, e as mudanças nos ventos e na circulação atmosférica causadas pelo aquecimento global. Em outras palavras, a Nova Zelândia está bem no “cruzamento” das forças que controlam o clima do Pacífico e está sentindo o impacto primeiro.
Esse fenômeno lembra o que cientistas já observaram em outras regiões vulneráveis, como o Oceano Ártico e o Mar de Coral, na Austrália. A diferença é que o ritmo neozelandês é mais acelerado e as consequências locais, mais graves.
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No fim das contas, o que acontece nas águas da Nova Zelândia não fica restrito a ela. O oceano é um sistema conectado, o que ferve de um lado afeta o clima do outro. O país que inspirou cenários de fantasia agora enfrenta um drama muito real: um mar que esquenta, sobe e muda de cor.
Fonte:Fatos Desconhecidos